6 de set. de 2014

NO RÁDIO: MÁRCIO MAGOO e a paixão pelo rádio

Em julho de 2009 postei um "PAPO DE RÁDIO" com o locutor,  produtor e radialista Márcio Magoo, mourãoense batizado Márcio Aparecido de Oliveira. Ele contouum pouco da sua história e também relata o momento atual e previa o futuro do rádio - este admirável veículo de comunicação que encanta, informa e desperta paixões em bilhões de pessoas nos cinco continentes.
Curta e releia o papo agradável com Márcio Magoo.
Desde quando e porque Márcio Magoo?Mesmo antes de começar no rádio eu já sabia que um dia esse sonho se realizaria. Muitos locutores começaram sua carreira, fazendo vários tipos de eventos, desde as pequenas quermesses, bingos, desfile, paquera na avenida, festas juninas e etc..para mim também não foi diferente. Recordo-me que uma noite ouvindo a rádio Aquarius FM, de Arapongas, tinha uma chamada de festa anunciando um DJ chamado Mauro Magoo. Achei um barato aquela sonoridade do nome dele, e mais, eu tinha fascinação em ouvir DJs tocar. Iraí Campos é o mestre das pick-ups. Percebi que se mudasse Mauro, para Márcio, também soaria bem no rádio. Então, desde daquele dia, comecei a usar esse nome artístico.
O que significa, quem deu este apelido ? O significado é bastante abrangente, afinal o mago, pode ser tanto um benfeitor quanto malfeitor. Modéstia a parte, eu acho que estou mais para benfeitor rssss...É verdade, afinal, se não posso contribuir para que algo dê certo, também não participo da destruição. Ao longo da vida tenho tido vários exemplos de quão grande é essa experiência e o quanto ela pode ser valiosa. Buscar sabedoria, essa é a mola que impulsionamos para uma vida melhor. Locutor adora, falar, escrever também, olha eu aí, fugindo do assunto.
Quando comecei a trabalhar na antiga Rádio Humaitá, o Marrom produtor na época e Dirceu Ferrari e outros mais, ás vezes se equivocavam e me chamavam de Mister Magoo. Certo dia, Luiz Sérgio (in memória), uma das mais belas vozes de Campo Mourão, ao lado de Antônio Kiene, me perguntou se eu usava esse nome em alusão ao desenho animado do Mister Magoo, o velhinho cego e seu cachorrinho. Honestamente fiquei espantando, pois nunca ouvira falar desse personagem. Detalhe: o personagem e eu usamos óculos.
Há quanto tempo em Campo Mourão ? Nasci em Campo Mourão, em 1.973. Morei no interior de São Paulo, por quatro anos, voltei para Campo Mourão em 1.991. Valeu a experiência, mas não pretendo mais morar em outra cidade. Aqui é o meu lugar.
E na Rádio Musical FM 100.9 MHz ? Comecei oficialmente no rádio, numa data bastante significativa, não só para mim, mas para todos os brasileiros - 1º de maio de 1.994. Dia em que morreu Airton Senna. Naquela manhã de domingo estava no estúdio da antiga Rádio Humaitá, dirigida na época pelo Valdete Rodrigues, quando o locutor João Nereu, ligou para a emissora nos avisando do acidente ocorrido com o Senna.
Bem, estou na Rádio Musical FM, desde 25 de novembro de 1.994. Comecei a trabalhar na emissora por "acidente". Fui visitar os estúdios e a equipe, e naquele dia o locutor Alessandro, atualmente mestre de creimônias da prefeitura, fazia locução no período da tarde e me disse “Márcio, faz um teste, um piloto, a emissora está precisando de locutor”. Fiz o teste, passei e o Eloi Bonkoski me contratou. Acertamos que trabalharia nas duas rádios, sem problema, pois os horários de programas eram diferentes.
Trabalhar em duas rádios ao mesmo tempo, foi uma experiência genial. Parece simples, rápido e fácil, mas foram longos anos com o ouvido colado no rádio, sintonizando quantas emissoras eram possíveis, AMs e FMs, de vários lugares do Brasil. Eu sempre amei rádio, é uma simbiose. Tive muitas dificuldades no ínicio da profissão, mas sempre acreditei no meu sonho de ser locutor. Existe uma pessoa, á qual sou muito grato á ela, Jaime Krieger. Este homem me ensinou muitas coisas, não só sobre o rádio, mas também como pessoa. Foi e sempre será, o meu mentor dentro do rádio. Devo muito a ele.
Qual a sua função na Musical FM? A minha função atualmente na Musical FM, é a de Gerente. São praticamente quinze anos, onde ao longo desse período, pude aprender muito, aliás, todos os dias eu aprendo. Eu gosto de desafios. Fui contratado apenas para ser locutor, porém tive a oportunidade de aprender outras funções dentro e fora da emissora, já fiz produção de áudio (comerciais, vinhetas e chamadas), produtor de programas, sonoplasta, programador musical e comercial, auxílio nas vendas, direção artística, manutenção em equipamentos da emissora, suporte em hardware, promoções, ufa! e quando sobra um tempinho, faço até cafézinho.
Gosta mais de produzir ou ser locutor? Tudo que faço dentro do rádio, é por que realmente me dá prazer. Sou muito grato a todas as pessoas que mesmo indiretamente colaboraram para o meu aprendizado. É muita transpiração e menos inspiração. A função de produtor de áudio é fantástica, porém essa não ainda não é a que me realiza como profissional do rádio. Ser locutor, essa sim é a minha grande paixão.
Não há nada de mais belo no ser humano artísticamente, do que poder utilizar um instrumento natural, próprio, para dar vida e principalmente transmitir emoção em algo que está apenas no papel, inerte. Observe os cantores, dançarinos, artesãos, pintores que se utilizam de seu corpo e mente para transformar o que é frio em algo quente, que pulsa, que traz vida, o que antes apenas existia. Poderia, oferecer aqui diversos exemplos sobre essa minha adoração pela fala, pela voz e pelo encantamento que ela me proporciona.
Qual é o momento das FM´s hoje ? O rádio, um dos mais antigos e poderosos meios de comunicação mundial. Uma invensão, que ainda nos dias de hoje, nos surprende quando recorremos a ele em busca de entretenimento e principalmente informação. Nesta hora nos damos conta de seu valor precioso, inestimável.
Infelizmente, houve um período em que o rádio dormiu, foram mais de dez anos. O sono começou nos anos 90 e até o começo de 2001 ainda era possivel ouvir o seu ronco. Tal ruído era produzido não pelo o excesso, mas sim pela falta, tanto de criatividade, quanto de qualidade e como se não bastasse á originalidade estava debaixo da cama. Claro, o travesseiro, era o desejo capitalista.
Analogias a parte, porém não podemos deixar de considerar que durante esse período foi visível, digo, audível essa falta de criatividade dentro do rádio. Era uma espécie de tentativa frustada, de tentar reinventar a roda. Afinal não houve um desejo de continuísmo, de progresso, em que a engrenagem mestre fosse a superação de tudo aquilo já havia sido irradiado em anos anteriores. Assim como fizeram os grandes locutores de AMs e FMs conhecidos nacionalmente, cito Eli Correia (Oi gente), Paulo Barbosa, Hélio Costa, Sérgio Bocca, Djalma Jorge, Simone Rigotte, Ciro César, Zé Bétio, Antônio Carlos, Julinho Mazzei, entre outros inúmeros comunicadores que contemplaram os ouvintes de sua época, utilizando-se da magia do rádio e de simplesmente o falar, o comunicar, o encantar.
O rádio dormiu naquela época, porque passou a acreditar que haveria uma revolução, na radiodifusão brasileira, partindo do príncipio de que, quem não pegasse carona nessa tal modernidade que vinha a passos largos, impulsionada pela tecnologia, as emissoras ficaram obsoletas e conseqüentemente deixariam de existir. Tecnologia é assim mesmo, nos é dado um brinquedinho brilhante, que nos enche os olhos, nos fazendo acreditar que tudo é possível, e que do dia pra noite nos tornaremos seres especiais, possuídores de poderes extraterrenos. Na verdade sabemos que não é bem assim. O indivíduo não está pronto para utilizar essa ferramenta imediatamente e integralmente. Quando pensa que está pronto, ele comete o primeiro erro.
Infelizmente, muitos radio difusores acreditaram surdamente nesta fábula. Então passaram a mudar alguns conceitos sobre comunicação. Acreditaram que o ouvinte se identificaria com o locutor que estava, por exemplo, lá em São Paulo. Criou-se então uma corrida para ver quem conseguia colocar primeiro sua emissora em rede satélite. Nesse momento o rádio, tornou-se frio, úmido e escuro. Pessoas não transitavam mais dentro de suas dependências físicas. Era possível reduzir custos e aumentar os lucros.
Tudo o que é novo reluz. Grandes comunicadores foram forçados a se aposentarem do rádio. Um computador entra no lugar. Um produtor para edição de vozes era suficiente para manter a rádio no ar, juntamente com um ou dois locutores. Então, profissionais de rádios de vários setores foram gentilmente convidados a deixarem seus cargos e procurarem outra atividade.
Tudo bem, todos prontos para a inovação para o futuro, o rádio será mais dinâmico e versátil; um jeito novo de fazer rádio. Porém esqueceram-se do principal, do ser humano. Rádio é feito de gente, de calor humano, a voz é vida, o ouvinte quer relacionamento, quer estar próximo do rádio, dos locutores, ele quer ouvir falar seu nome no rádio, da sua cidade, da sua gente. O rádio é feito de pessoas.
No meio do caminho dessa tal transformação, muitos radio difusores conseguiram voltar a tempo; perceberam que esse não era o caminho certo, e conseguiram reparar esse erro. Outros demoraram um pouco mais. Porém praticamente todos se salvaram. Obviamente neste período de desencontros outros meios de comunicação aliciaram facilmente os ouvintes que estavam confusos com o rádio naquele momento.
Bem vindos a democratização da internet, acesse, ouça suas músicas favoritas, crie uma webrádio, seja voce mesmo o programador musical, se preferir disponibilizamos todas as músicas que você quiser, direto no seu computador ou então no seu mp3, no seu celular etc.
Cria-se então uma crise de relacionamentos entre rádio e ouvinte. Talvez fosse hora de discutir a relação. O ouvinte havia mudado, ele queria mais do rádio.
Ele esteve com outro meio de comunicação, a internet, e o pior, gostou, simpatizou-se com a novidade. Sempre depois de uma aventura como essa é natural que ele se torne mais exigente, queira mais desse seu parceiro.
O rádio acordou, não dorme mais, nem cochila. Está bem acordado, está mais disposto a recomeçar.
Extra, extra extra, notícia de última hora, o plantão radiofônico informa: o rádio não é só mais stereo, ele é digital, é mais forte. Rádio digital, e daí ? O conteúdo não vai mudar. O que muda é a forma de ter acesso a ele.
O rádio ainda tem sido pouco criativo. Afinal fazer rádio, é fazer show é dar espetáculo, é transmitir emoção, é mexer com a sensibilidade das pessoas. Quando você liga o rádio, você quer deixar a sua vida naquele instante em estado subconsciente, e o rádio passa a ser o seu consciente e então a alma se alcama.
Atualmente tenho percebido que os radiodifusores, locutores, produtores já contabilizaram os prejuízos desses anos de inércia e independente da digitalização, o meio rádio, está mais ávido, mais dinâmico no sentido de buscar ações, para que o rádio consiga resgatar alguns ouvinte que hoje ainda encontra-se perdido em meios aos players dentro computador, enrolados nos fios dos celulares e mp3, mp4, mp7 e outros Ms.
E o futuro, o que vem por aí ? O futuro do rádio ainda é uma caixinha de surpresa. Afinal estamos falando do rádio digital. Ainda não se sabe bem o que fazer com duas, três, ou sabe-se lá quantas rádios a mais, que cada emissora terá direito no FM, por exemplo. Isso vai se dar com a abertura de mais canais, que estarão ligados e independentes a uma determinada freqüência. Acredito que o grande salto será para o AM, que passará a ser stéreo.
A missão de prever esse futuro do rádio, não é das mais fáceis. Porém, cabe aos profissionais que fazem rádio, não esquecer que do outro lado do rádio existem pessoas, que querem acima de tudo relacionar-se com o rádio como um todo, e não ser apenas um mero ouvinte, que apenas ouve, mas não fala. Quem não dá assistência abre concorrência. É preciso ter cuidado, a internet está por perto.
Apesar de existirem no Brasil, emissoras testando a transmissão digital, a preocupação deles ainda está na qualidade e modelo de sinal, padrão digital a ser utilizado, e também é claro, os recursos financeiros e investimentos que deverão ser alocados para concluírem esta fase inicial. Posteriomente haverá uma grande necessidade de identificar como explorar este meio.
Assim como sempre a história nos relatou, aquele que conseguir antecipar o futuro, no sentindo de atingir com mais precisão a reais necessidades futuras, neste caso desse ouvinte digital, evidentemente, será glórificado e terá o seu lugar ao sol. Quem demorar muito para saber o que fazer com essa tecnologia, certamente não poderá sentar a beira da janela para contemplar esse progresso e usufruir dele.
Alguém disse que um dia que o rádio acabaria, que mentira não é mesmo? Como diria Padre Quevedo, isso é uma mentira, isso não existe, não se pode provar nada disso que estão falando. O Rádio nunca vai acabar, pelo menos enquanto existir vida aqui na terra, caso contrário, ainda sim, teremos outros planetas para explorar. Eu acredito em transformação dentro do rádio, mudanças essas que talvez que não acontecem rapidamente, mas gradualmente. As nossas vontades estão sempre á frente das nossas possibilidades. O rádio tem inovado, pouco, mas tem.
Por mais que o rádio, venha passar pelas piores crises de existência, ainda sim teremos pessoas amantes desse meio de comunicação, que assim como eu, irão relutar em acreditar que ele não tenha morrido. Afinal somos feitos para a comunicação, mesmo que nos falte a fala, ainda sim teremos outras formas de linguagem que possibilitarão essa interlocução. Deus nos ensinou isso. Seu primeiro contato com o homem foi através da fala. Deus falou, comunicou seu intento para a humanidade e até enviou seu Filho para que comunicasse as boas novas. Sem comunicação, não há relacionamentos, não há vida. Ainda que ele falasse a língua dos anjos, sem o rádio para propagar, eu nada seria.
"Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando....Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive, já morreu. (Luiz Fernando Veríssimo)PAPO DE RÁDIO postado em julho de 2009 no link
http://ilivaldoduarte.blogspot.com.br/2009/07/papo-de-radio-com-marcio-magoo-da.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário